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Maduro manda indireta a Lula e diz que nas eleições de 2022 não houve 'comunicado' nem ninguém 'se meteu com o Brasil'; veja VÍDEO

Venezuelano citou o Brasil ao defender decisão do Supremo de seu país, que ratificou sua vitória. Fala fez referência à atuação do TSE nas eleições brasileiras em 2022, mas, diferentemente da Venezuela, a eleição no Brasil foi validada por observadores internacionais.

29/08/2024 às 18h04
Por: Cecílio Batista Fonte: G1
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Maduro manda indireta a Lula e diz que nas eleições de 2022 não houve 'comunicado' nem ninguém 'se meteu com o Brasil'; veja VÍDEO

O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, mandou uma indireta ao governo brasileiro e a outros países que questionam a decisão do Tribunal Supremo de Justiça (TSJ) venezuelano, que ratificou na semana passada a reeleição de Maduro para um novo mandato. O mandatário venezuelano não citou diretamente o presidente Lula.

Em evento político para marcar um mês da eleição, ocorrida em 28 de julho, Maduro disse que "os gringos não têm moral para se meter nos assuntos eleitorais nem políticos da Venezuela". O procurador-geral da Venezuela disse nesta quarta (28) que o presidente Lula e Gustavo Petro, presidente da Colômbia, se intrometem nas questões venezuelanas.

A fala de Maduro faz referência à atuação do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) nas eleições brasileiras em 2022. Diferentemente do que acontece na Venezuela, no entanto, todas as etapas do pleito no Brasil são acompanhadas por entidades, nacionais e internacionais, e partidos políticos. Ao fim do dia de votação, os boletins de todas as urnas são divulgados no próprio local de votação e ficam disponíveis para conferência na internet.

Na Venezuela, as atas eleitorais, documentos que registram os votos e resultados de cada local de votação, não foram tornadas públicas pela Justiça eleitoral do país. O Supremo venezuelano também determinou que os documentos não sejam mostrados.

Além disso, as eleições no Brasil foram validada por observadores internacionais. Um deles foi o Centro Carter, que também atuou na Venezuela. Lá, considerou que o pleito "não atendeu aos padrões internacionais de integridade e não pode ser considerada democrático". Além disso, afirmou que a autoridade eleitoral "demonstrou claro viés" em favor do atual presidente Nicolás Maduro.

Também atestaram a legalidade das eleições brasileiras o Tribunal de Contas da União (TCU) e uma missão da (OEA) Organização dos Estados Americanos. A OEA também não reconhece o resultado divulgado pelo CNE e pede a publicação das atas.

Maduro utilizou o Brasil para defender a decisão do TSJ, dizendo que a eleição venezuelana foi confirmada por uma Corte superior, assim como ocorreu no pleito que deu a vitória a Lula em 2022. O argumento foi o mesmo que a presidente da Corte e o presidente da Assembleia Nacional utilizaram.

"No Brasil, teve eleições e o presidente Bolsonaro não reconheceu os resultados, houve recurso ao 'Tribunal Supremo' de Brasil (TSE), que decidiu que os resultados eleitorais deram a vitória a Lula. Santa palavra no Brasil. E quem se meteu com o Brasil? Você fez um comunicado? (apontando para um membro da plateia) Você? Você? Venezuela disse algo? Dissemos apenas que respeitamos as instituições brasileiras e eles resolveram seus problemas internamente, como deve ser", afirmou Maduro.
O Brasil não reconheceu o resultado da eleição venezuelana e cobra a publicação das atas eleitorais, o que não aconteceu até o momento. O presidente Lula e o presidente da Colômbia, Gustavo Petro, voltaram a cobrar no final de semana que o governo Maduro publique as atas.

A decisão do TSJ, que além de referendar o resultado anunciado pelo Conselho Nacional Eleitoral (CNE) também proibiu a publicação das atas eleitorais, foi realizada após uma suposta auditoria das atas eleitorais a pedido do próprio presidente. O CNE, equivalente à Justiça eleitoral venezuelana e aliada do governo, acatou a sentença do TSJ e reafirmou nesta segunda (26) Maduro como vencedor do pleito.

A oposição e a comunidade internacional rejeitam a decisão da Corte, que também é alinhada ao governo chavista. O candidato de oposição Edmundo González disse que a sentença do TSJ foi para agradar Maduro e voltou a pedir uma auditoria imparcial das atas eleitorais.

O Tribunal Supremo de Justiça da Venezuela e o CNE foram apontados como não independentes do governo Maduro e parciais por uma missão do Conselho de Direitos Humanos da ONU.

A oposição venezuelana diz que González foi o vencedor da eleição com base em uma contagem paralela realizada com atas eleitorais --uma equipe de observadores da ONU que observou a eleição na Venezuela afirmou haver segurança no resultado divulgado pela oposição. O candidato opositor está sendo investigado pelo Ministério Público venezuelano pela publicação do site com as atas.

 

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